Quem é fã de filmes de ficção científica com certeza já deve
imaginar no que implica um motor para dobra espacial: com ele, seria
possível viajar pelo espaço em velocidades muito maiores que a da luz.
Isso se colocarmos tudo em termos bem simples, já que quem realmente
seria acelerado é o próprio espaço e não o equipamento que realizaria a
viagem. Complexo? Bastante, mas completamente possível também, segundo o
físico Harold White.
Ele apresentou um modelo teórico para um motor de dobra possível e
viável para ser construído e operado pelo homem. Na verdade, ele
realizou diversos cálculos para resolver problemas da sua teoria
anterior, que também trabalhava na ordem da aceleração do espaço, mas
requeria quantidades realmente astronômicas de energia e massa. Estamos
falando do equivalente a massa de Júpiter para criar o dito motor!
Agora, com a teoria atualizada, o valor foi reduzido para menos de 800
kg.
Como isso poderia funcionar
De acordo com White, para criar um motor de dobra seria necessário
posicionar um objeto esferoide no meio da nave espacial e fazer um anel
se movimentar em volta dele de determinada maneira que pudesse contrair e
expandir o espaço à sua volta, gerando uma bolha de dobra ao redor da
espaçonave. O conceito é praticamente o mesmo — se visto de forma bem
simples — que o presente em uma diversidade de obras de ficção
científica do cinema, da TV e da literatura.

Essa bolha de dobra seria capaz de movimentar o espaço em volta da
nave, como se ela estivesse passando através de algo muito apertado.
Assim, o movimento de expansão do espaço atrás da bolha seria o
responsável por movimentar a nave a velocidades incríveis.
Fora isso, como a bolha de dobra posicionaria a nave em alguma
situação “nas entranhas do espaço”, as leis da relatividade de Einstein
não se aplicariam diretamente. Isso porque, diretamente, nada pode
superar a velocidade da luz, mas o espaço pode se comprimir e expandir a
qualquer velocidade, tornando a prática da dobra praticamente
ilimitada.
White explica ainda as limitações práticas do seu modelo anterior,
comentando sobre a rigidez do espaço. “O espaço-tempo é bem
rígido/firme, então para criar a o efeito de expansão e contração de
forma útil a fim de conseguirmos atingir destinos interestelares em uma
quantidade de tempo razoável, seria necessário uma grande quantidade de
energia”.
Como o motor se tornou viável
Para criar a solução para esse problema, White tentou realizar uma
alteração no modelo de motor de Alcubierre, no qual tinha baseado sua
primeira ideia. Em volta do objeto esferoide, seria necessário que um
anel permanecesse girando. Alcubierre, entretanto, imaginou esse
elemento como um cinto, um anel chato. Então, White teve a ideia de
melhorar a forma desse elemento, tornando-o mais grosso, quase como uma
rosquinha, no formato que aparece no modelo.
Foi com isso que os cálculos da quantidade de energia e massa do
motor pularam do tamanho de Júpiter para 800 kg, o equivalente à sonda
Voyager 1, que explorou o Sistema Solar nos últimos anos.
Resultados práticos
Todo esse trabalho feito por White baseado nas ideias de Alcubierre
resultaria em velocidades incríveis de dobra. Nada comparado ao que
víamos em Star Trek, em que a tripulação da USS Enterprise chegava a
seus destinos em questão de segundos. Mas os resultados são bastante
aceitáveis, já que poderíamos alcançar a estrela mais próxima do Sol em
questão de semanas. Com isso, ir para Marte poderia ser como atravessar a
rua em uma nave com um motor baseado nas ideias de White.
Além do mais, a viagem com o motor de White seria bastante precisa.
Os ocupantes de uma espaçonave equipada com ele experimentariam uma
sensação de movimento, mas a nave na verdade não estaria se movendo. Por
conta disso, é possível parar esse efeito e recomeçá-lo com bastante
precisão. Ou seja, calculando rotas com exatidão, você poderia alcançar
qualquer planeta do nosso Sistema Solar sem acabar sendo sugado pela
gravidade, podendo se posicionar em locais apropriados.
Experimentos
Depois de apresentar seu novo modelo de dobra espacial, White agora
se ocupa em recriar miniaturas do seu motor a fim de comprovar sua
teoria. Para isso, lasers estão sendo utilizados para recriar condições
do espaço a fim de testar a capacidade dos protótipos.
White explica ainda que está realizando testes com um anel de
capacitores de cerâmica, a fim de simular o efeito do anel em volta do
esferoide original. Caso tudo corra bem, a NASA poderá recriar o
equipamento em tamanho real em alguns anos, talvez décadas.
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