O Bem e o Mal

Muitos já pensaram em dividir os conceitos de bem e mal. Bem e Mal tem sido as duas forças mais combatidas ao longo de toda a História. Mas existe mesmo a necessidade de se exaltar uma e de se rechaçar a outra? É sábio, justo, belo e verdadeiro que assim seja feito?
Bem e Mal são apenas lados de uma mesma balança.
Geralmente, glorifica-se e valoriza-se
pessoas que são “boazinhas”, enquanto as pessoas que são “ruins” ou, em
outras palavras, rebeldes, desordeiras, agitadas, são denegridas,
segregadas ou isoladas do restante da sociedade.
Acho muito importante a ação dessas pessoas ditas “ruins”.Muitas vezes ouve-se dizer que, se Deus existisse, não deixaria o Mal existir.
Acontece que Deus é, em última instância, Tudo. Se Ele(a) é Tudo, então, é ao mesmo tempo o Bem e o Mal.
Parece bastante estranho esse conceito
porque não estamos acostumados a ver essa Entidade, se é que podemos
chamá-la assim, como sendo ambivalente, ou bipolar. Parece presunção
afirmar algo sobre Sua Natureza, mas podemos chegar a certas premissas,
como já foi explicado no Hermetismo – Ele(a) é o Todo.
O Bem é muito conhecido pelas suas
propriedades Criadoras e Mantenedoras/Amparadoras. Tudo aquilo que Cria,
que Une, que provê, que dá suporte, que Gera, é visto com bons olhos,
sendo geralmente classificado como “do Bem”.
O Mal é associado a tudo aquilo ligado à
destruição, à doença, à tristeza, à pobreza, à miséria, aos vícios, à
morte. Ou seja, seria o exato oposto daquilo que é representado pelo
Bem.
Creio que a maioria já ouviu falar da célebre frase, “A Luz não existiria se não houvesse a Escuridão”, e vice-versa. É um conceito bastante útil para o que estou tentando expor aqui.
O “Bem” e o “Mal”, do modo como estão
sendo apresentados aqui são, por si próprios, forças divinas. Eles atuam
igualmente, em todos os níveis e em todas as esferas, como agentes
balanceadores e indicadores. Se só houvesse Criação, tudo estaria em
excesso, desde os Reinos mais básicos até os mais complexos. Minerais,
Vegetais, Animais. Montanhas imensas, rios e mares dominando e invadindo
tudo. Sistemas Solares repletos de planetas chocando-se uns nos outros.
Sóis e mais sóis, gerando energia demasiada, grandes tempestades
cósmicas e SuperNovas ocorrendo a cada segundo. Em todos os níveis, uma
superpopulação. Tudo acabaria soterrado, aglomerado, “entulhado”, por
assim dizer, se não houvesse a ação controladora da Destruição.
A Destruição e a morte nada mais são do que formas de reciclagem. Como no texto anterior dos Ciclos Naturais,
em que comentei sobre o símbolo cíclico do Ouroboros (a serpente
devorando a própria cauda) a construção e a destruição são o início e o
fim de um Ciclo de Existência de qualquer coisa. Quando algo é
construído, utiliza-se diversas matérias-primas, organizando-a e dando
forma à ela, e aglomerando cada vez mais diversificadas matérias-primas à
obra. Quando a obra é completada, ela é destinada para a finalidade
pela qual ela foi construída. Quando terminada sua missão, seu objetivo
mais natural e proveitoso é de se reciclar, ou seja, de morrer, de ser
destruído em seus componentes básicos iniciais, para que o Escultor
possa Esculpir uma Nova Obra, que será utilizada para uma Nova
Finalidade, que só Ele(a) sabe.
Há muitas outras bipolaridades que
representam essas forças, como a saúde e a doença, a felicidade e a
tristeza, a riqueza e a pobreza, entre muitas outras. Muitos sábios já
disseram que o mundo em que vivemos é bipolar em sua essência, ou seja,
está em todas as coisas, mas que ambos os lados dessas “moedas” existem
por razões fundamentais. Tomemos a saúde e a doença, por exemplo. Como
poderíamos saber se certos costumes contribuem para a manutenção da vida
se não houvesse a balança da saúde/doença? Balanças são usadas para
medir. Nem sempre é bom permanecer somente em um lado da balança, pois a
tendência é esquecer da sua contraparte, ou de seu oposto. É sábio
experimentar e verificar os resultados de nossas ações ao longo do
tempo, para adquirirmos sabedoria dos fatos da vida. Ficar em um oásis
de paz, felicidade e saúde o tempo todo não nos trará lições, nem nos
motivará para conhecermos o que há além das dualidades e dos arquétipos.
Portanto, que conselhos poderiamos
extrair de tudo isso? Arrisque-se. Tente. Faça. Vá. E tome nota de tudo o
que sente, imagina, raciocina, intui e percebe com seus sentidos.
Experimente tudo o que quiser. Traga Vida à própria Vida. Faça aquilo
que você acha que não pode fazer. Dessa forma, você brilhará e saberá no
seu íntimo o que é a vida, pois isso é algo que ninguém pode te dizer, é
algo que tem de ser descoberto por si próprio. Moralidade é importante
no que tange a vida em sociedade. Mas na vida individual, a liberdade, a
coragem e a ação são os regentes para a verdadeira realização.
Carpe
Diem!
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